Hiperbolóide – Auxiliar do processo Auxológico
Craniofacial (Topologia) na Terapia do Respirador Bucal

Afrânio Pereira Cheida
Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares
Excelência em: Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares.

 

A revolução industrial e sua apurada tecnologia trouxeram mudanças danosas nos hábitos alimentares da maior parte da população. Eis que surge, muito bem aplicada, a expressão alimentação civilizada (moderna) preponderantemente “mole”, que relega a segundo plano os alimentos que, devido a sua consistência e textura, são os veículos de estímulos neurais do crescimento craniofacial. A alimentação civilizada “mole”, incrementada pela tecnologia industrial moderna, gerou usuários de liqüidificadores, batedeiras, refrigeradores, centrífugas, processadores, microondas e outros, possibilitando o consumo de alimentos mais sofisticados, de fácil preparo, com pouca consistência, podendo comprometer seriamente a função mastigatória. Quando se instala a atrofia mastigatória, ocasionando prejuízos ao sistema estomatognático, aumenta consideravelmente o nível entrópico do organismo. De uma forma geral, preponderam-se os hábitos viciosos alimentares, e o que de mais grave está acontecendo é que todos nós estamos sendo envolvidos por este tipo de alimentação, porque é gostoso, possui sabor agradável e de fácil ingerência.  Segundo Bourre, o “fast-food” é considerado o inimigo n.º 1 do aparelho estomatognático. Pesquisas de empresários afirmam que mais de 50% da população urbana brasileira está consumindo “fast-food”.

Mastigação

A mastigação, fator de conformação morfofuncional, é a principal função do processo auxológico craniofacial, e o seu ritual deveria ser sagrado: corte, apreensão, trituração, moagem e salivação. A mastigação deve ser bilateral, com movimentos lateroprotusivos alternando, um lado de cada vez, e impactos adequados, mastigando calmamente, sentindo fluir a saliva até a formação do bolo alimentar, seguida da deglutição.

Todavia a alimentação moderna “mole” é distorcida e disfuncional, os movimentos de trabalho e balanceio são poucos significativos, e não há praticamente movimentos de lateralidade. Por isso, os estímulos de crescimento mandibular são deficitários, pode se estabelecer a distoclusão. Os alimentos moles solicitam apenas movimentos de abertura e fechamento (charneira) e deixam de provocar estímulos neurais adequados, das partes deslizantes da A.T.M., o que pode resultar na instalação da referida má-oclusão.

A falta de estímulos adequados, de acordo com a força muscular do ser humano, provoca deficiência no crescimento do perímetro ósseo, trazendo como conseqüência atresias, falta do espaço para a devida erupção dos dentes e, dessa forma, o apinhamento global.

Moyers (1979) sustenta que a ausência de alimentos duros, fibrosos e secos na dieta é fator de produção de um mau desenvolvimento da arcada dentária.

Planas (1988) relata “as más-posições dentárias ou má-oclusão” têm sempre como causa a atrofia funcional mastigatória, que traz consigo a atrofia do desenvolvimento ósseo, para abrigar todos os dentes, conseqüência da alimentação civilizada.

Fränkel (1969) considera algumas más-oclusões como alterações de crescimento originadas por influências mecânico-funcionais anormais.

Moss (1968) sustenta, com sua teoria da matriz funcional, que a estrutura facial é modificada pela função. Mediante a alteração funcional da posição de descanso da mandíbula, é possível alterar o desenvolvimento craniofacial.

Como está descrito no livro de Bueno A. P. F. (1997), por sinal de forma primorosa: “Comumente se propala que as matrizes funcionais são constituídas pelos tecidos moles, ou mais especificamente, pelos músculos. Trata-se de um equívoco que deve ser verberado. O conceito de Matriz funcional apresenta uma abrangência que transcende os tecidos moles. As matrizes funcionais são tecidos e órgãos não esqueléticos e os espaços funcionantes (vazios). Temos então: a Matriz periosteal e a capsular”.

As matrizes periosteais são constituídas por tecidos e órgãos não esqueléticos (músculos, glândulas, vasos, nervos, cartilagens, etc...) e também os dentes, de cuja presença e funções depende a unidade esquelética alveolar. A matriz capsular é constituída pelo espaço oronasofaríngeo). Na matriz orofacial se iniciam as funções digestiva e respiratória.

Baseando-se na matriz funcional de MOSS concluímos que os músculos exercem papel principal como  efetores dos impulsos nervosos, e os outros constituintes da Matriz periosteal são coadjuvantes importantes na harmonia do processo auxológico.

Dessa forma, podemos afirmar que “a morfologia óssea é esculpida pela atividade muscular”; e a matriz capsular, que são os espaços funcionantes (vazios), está integrada com a atividade muscular. Quando ela é eficiente, os espaços se expandem, buscando a auto-regulação funcional, através dos seus canais de comunicação”.

Como enfatiza Torres (1973), as funções ligadas ao comer, mastigação e deglutição têm importante papel na arquitetura da boca, da face e do crânio, por causa das forças de elevada intensidade a elas inerentes. Todavia é importante ressaltar que, no estudo da biomecânica neuromuscular do crescimento craniofacial, devem se enquadrar os fatores mastigatórios e também os não mastigatórios. A atividade tônica, a fala, a postura e a deglutição evidenciam que nem todo movimento mandibular se destina ao mastigar (Bueno 1997). A atividade tônica também tem participação relevante no crescimento craniofacial.

Existe um fator coadjuvante no processo do crescimento craniofacial, de suma importância no contexto global da função mastigatória. O hormônio somatotrofina, que estimula a formação do somatomedina, substância indispensável para o crescimento da cartilagem e do osso, tem a sua produção natural, determinada pelo próprio organismo. No entanto, poderá haver diminuição de sua produção por diversos fatores, e o destaque é a disfunção mastigatória, devido à alimentação preponderante “mole”, que ocasiona déficit nos estímulos neurais, principalmente os miofuncionais relacionados com a adenohipófise, responsável pela excreção da somatotrofina.

A estimulação mecânica sinaliza os locais do organismo em que há necessidade de aporte de material para a produção e/ou reabsorção de osso.  Entre essas substâncias está a somatotrofina, cuja produção natural é determinada pelas necessidades internas do organismo por intermédio de sistemas de regulação que envolvem diversos sistemas holonômicos. Quando há deficiência de estimulação mecânica, há também menor estimulação para produção desse hormônio destinado à morfogênese óssea.  A deficiência mastigatória, devido à alimentação moderna, corresponde a uma diminuição dos estímulos neurais biomecânicos. São esses estímulos que aumentam as necessidades internas de somatotrofina para a produção/reabsorção de osso nas unidades esqueléticas do sistema estomatognático e, implicitamente, estimulam a produção de somatotrofina. 

Além desse importante hormônio do crescimento, existe a participação de diferentes funções químicas, como sais minerais, citosinas, fatores de crescimento, que se integram na morfogênese óssea.

Os genes respondem a estímulos mecânicos; Quando uma membrana é deformada, emite um mensageiro ou mensagem secundária para dentro do citoplasma, que deflagra a enzima adenil ciclase. Esta evoca a transformação de adenosina trifosfato (ATP) em adenosina monofosfato cíclica (AMPc) que, por seu turno, desencadeia fosforilação e uma ARN polimerase ativada é obtida. O ARN produzido atua como mensageiro do evento no ADN, produzindo o acionar dos genes.

Ressalta-se também que o AMPc é quem produz intracelularmente os efeitos atribuídos aos hormônios, podendo mimetizar muitos deles (Harper, 1977) e até evocar a produção de hormônios.

Além dessas, há outras vias como a do inositol, deformações na matriz extra-celular, decorrentes de solicitações mecânicas, podem evocar a produção de citocinas e leucotrienos, respostas ligadas à inflamação que antes eram julgadas exclusivas das reações imunológicas e hoje, sabe-se, podem decorrer de solicitações de deformação elástica dos ossos (topologia) implicando em respostas genéticas e nos vetores de crescimento; segundo NEILL (2000).

O Hiperbolóide é um instrumento ativo de deformações elásticas dos ossos (topologia) produzindo o acionamento seletivo de genes para respostas de crescimento ósseo.


Esclarecendo a deformação elásticas dos ossos (topologia) no seu aspecto biofísico-quimico relacionado com o crescimento craniofacial, relatamos.

A piezeletricidade é um fenômeno observado nos cristais em que deformações mecânicas são convertidas em campos elétricos. Essa ocorrência, por exemplo, está presente nos relógios de quartzo e, resinas, fotos e quimicamente polimerizáveis, gerando eletricidade por compressão.

Distorções dos cristais ósseos, causadas por diminutas deformações elásticas dos ossos (topologia), decorrentes de tensões mecânicas, como as produzidas pelo crescimento craniofacial através da mastigação deglutição, função normal do osso, geram correntes bioelétricas, e que dependendo da polaridade, resultam em osteogênese ou osteoclasia. Se o osso sofre uma tensão não uniforme durante um período prolongado de tempo desenvolverá novas trabéculas (Wolf apud BUENO, 1997). Isso acontece porque a ação mecânica ocorre sofre as fibras de colágeno e os cristais ósseos, que têm propriedades piezoelétricas.

As forças musculares estáticas e dinâmicas geram atividades transformativas. As forças musculares atuariam diretamente sobre o osso, produzindo uma transformação física que resultaria no disparo de uma corrente elétrica que atingiria as células ósseas, provocando uma transformação química. O disparo da atividade química se coroaria com aposição (Corrente Negativa) ou reabsorção óssea (Corrente Positiva). As transformações seriam sucessivamente, decorrente da transdução da energia mecânica em bioelétrica e desta em bioquímica.

Os ossos deformam com a oclusão, é importante destacar do ponto de vista funcional, a importância biomecânica dos músculos do sistema estomatognático, tem de incluir suas atividades tônicas e fásicas que abrangem os fatores mastigatórios e não mastigatórios (postura). No ciclo mastigatório há um amortecimento do esforço muscular com a aproximação das superfícies oclusais e a produção do reflexo de abertura, e o tempo de duração é menor que o tempo da deglutição, quando os dentes também entram em oclusão. Isso é de fundamental importância, que somente ocorre numa deglutição típica, normal favorecendo o crescimento craniofacial.

A postura detém o maior percentual de duração da atividade muscular diária da biomecânica neuromuscular na morfogênese craniofacial.

As atividades tônicas, isotônicas e isométricas dos músculos da mastigação, produzem tensões e compressões, cujos vetores percorrem e esplanocrânio e dirigem para a neurocrânio, confluindo para a região da sela turcica do esfenóide (hipotálamo).

Os músculos mastigadores são muitos volumosos e potentes e se inserem em áreas de grande interesse para crescimento craniofacial, proporcionando tensões contrativas, de notáveis intensidade ao neurocrânio e ao esplanocrânio.

Na desoclusão, quando há um leve retorno da atividade elevadora, os dentes saltam dos alvéolos como um barril, pleno de ar e fechado, que foi afundado em uma piscina. Isto traciona a cortical alveolar e os ossos crescem na vertical. A deglutição translada o crescimento do sentido oposto, crescemos em repouso devido ao ato deglutitivo em vigília e durante o sono, que na sua sequência se verificam os contatos oclusais.

Cada vez que a mandíbula fecha para cima (oclui) os ossos deformam elasticamente, estreitando transversalmente a base óssea a maxila estreita (sístole) 0,2mm, em média anteriormente e 0,1mm em média, na região posterior. A mandíbula ao contrario estreita (sístole) mais na região posterior (0,4mm) e 0,2mm em média, na região anterior (figura 1).

Há também o fato constatado experimentalmente que os dentes superiores movem-se horizontalmente na oclusão, para o vestíbulo, cerca de 0,1mm enquanto que os inferiores deslocam-se na mesma direção e sentido contrário cerca do mesmo 0,1mm (figura 2). Segue-se que as vertentes rugosas dos protocones (cúspide Vestibulares Inferiores com palatinos Superiores – VIPS), movem-se umas contras as outras cerca de 0,1mm, produzindo uma força de esmagamento.

Como perpendicularmente há uma compressão (Sístole) sempre há uma tração (diástole) fig.3. As arcadas se alongam sagital e verticalmente, esta é a deformação elástica dos ossos, cessada a força volta-se as dimensões anteriores, este é o Jogo Topológico, que se verifica através de uma mastigação eficiente, fazendo parte da dieta, alimentos duros, fibrosos e secos, uma boa produção salivar e processo deglutitivo típico, com contato oclusais e estabilização da mandíbula (deglutição normal).

O Hiperbolóide é um acionador de estímulos neurais, decorrentes de tensões biomecânicas, assim como muitos aparelhos ortodônticos e ortopédicos também se enquadra como acionadores de gens (específicos), produzindo crescimento vertical ósseo.

 
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Figura 01
Figura 02
Figura 03
 
         
Perpendicularmente a uma compressão (C) sempre há uma tração (T) - Lei da Elipse - Pont e Korkhaus
 
           

O principal objetivo desse artigo é mostrar a importância da função mastigatória na morfogênese craniofacial.
           
O Hiperbolóide é um precioso instrumento de incremento ao tônus muscular, é um veículo acionador de estímulos neurais. A boca é sede riquíssima de sensores do corpo humano e, especificamente, é uma fonte aguçada de informações de caráter eugnatogênicas do aparelho estomatognático, com repercussão a nível sistêmico. O Hiperbolóide, além da sua ação no Tônus muscular, age no complexo periodontal, destarte contribui no processo auxológico crânio facial, beneficiando todos os holons das funções: orais, respiração, sucção, mastigação, deglutição, fala e  mímica.

O Hiperbolóide é um instrumento de mastigação, um composto de silicone com forma hiperbólica, daí a sua fundamentação científica. A sua dureza e textura foram estudadas e é compatível com a força ideal da mastigação que o homem deveria exercer. Até o presente momento, não se tinha nenhum elemento cientificamente elaborado para exercícios mastigatórios, que atingisse níveis de excitações neurais com respostas positivas.

Para preencher a lacuna existente na função mastigatória, porque ela de uma forma geral é deficitária, propõe-se o uso do Hiperbolóide, através de exercícios periódicos. Creio que, em idade precoce, possam se iniciar os exercícios. Não deixa de ser uma alternativa compensatória, devido à ausência, na dieta, de alimentos com consistência  adequada para o ser humano.

           
 
  Figura 4
Mastigando
       
 
 

Figura 5
Toques neurais de canino á canino facilitando um avanço mandibular e crescimento vertical.

           

Como a mastigação, fator de conformação morfofuncional, é a principal função do processo auxológico craniofacial, quando ela é incompetente, desprogramam-se as funções orais, ocasionando sérios danos ao organismo.

O Hiperbolóide, através de exercícios periódicos, vem a ser um eficiente exercitador periomiofuncional, colaborando efetivamente na terapia do respirador bucal. Vejamos alguns exemplos:

- O paciente que é submetido a um tratamento ortopédico funcional dos maxilares, um caso de disto-oclusão com mordida sobre profunda, evidentemente que as funções orais estão comprometidas e a respiração é o primeiro hólon a ser agredido e isto sugere modificações espaciais, principalmente postural da cabeça, rompendo o equilíbrio biostático craniofacial. Existe, portanto, uma intima relação má-oclusão – respiração e deformação postural (coluna). Com a terapia funcional é possível constatar importantes mudanças:

A estrutura mandibular é movimentada no sentido anterior, ocasionando o aumento dos espaços orofaríngeo. A estrutura respiratória é tracionada no sentido cranial, isso porque o conjunto hiolingual, a suspenção angular da mandíbula e o sistema mioaponeurótico superficial acompanham a movimentação mandibular. A estrutura nucal é reflexamente ativada promovendo extensão cefálica, a nível axial, cervical e dorsal (Bueno, 1991). Acompanhando a colocação do aparelho ortopédico funcional, já se iniciam os exercícios periódicos com o Hiperbolóide:

A) Com toques neurais na bateria antero-inferior. Segundo as leis de planas, a mandíbula exibe 2 segmentos Hemi-Mandíbula direita e Hemi-Mandíbula esquerda – Tocando uma só peça de cada segmento, obteremos resposta de todos segmentos, dessa forma, estamos promovendo crescimento vertical ósseo na região dos dentes posteriores, assim como também, o avanço da mandíbula no sentido anterior.

B)
Rolamos o Hiperbolóide para direita, para esquerda, de canino a canino, aumentando os movimentos pendulares de alavanca do 1º tipo ou viga suspensa, solicitando movimentos de lateralidade, avanço e retrocesso. Reforçando o resultado, executam-se exercícios dos dois lados posteriores, produzindo expansão bilateral transversal e sagital.

Os dois exercícios acima referidos provocam crescimento ósseo na vertical, assim como também o encurtamento dos pterigóideos laterais, diminuindo a sua frouxidão e favorecendo o avanço mandibular, por conseguinte, obtém-se mudança espacial, favorecendo a respiração naso bucal.

Uma colocação visual fácil de ser observada, com relação ao crescimento ósseo vertical; toma-se o modelo inicial, e na região dos dentes posteriores, no caso de disto-oclusão com um paquímetro, medimos a altura dos dentes posteriores (eles estão cobertos pela gengiva, estão baixos, intruídos). Depois de conclusão do tratamento, medimos novamente a altura das coroas, e observamos que houve um aumento considerável na altura, eles não se extruíram, o que houve foi o crescimento ósseo na vertical (dentes-ligamentos-osso), isso se deve não só ao aparelho ortopédico funcional, mas principalmente aos estímulos biomecânicos dos exercícios com o Hiperbolóide, aumentando o vazio bucal, o espaço funcionante, a matriz capsular, a morada da língua favorecendo a recuperação da respiração naso-bucal.

- Em qualquer tratamento ortopédico funcional, quando se está concretizando a Eugnatia, os dentes estão em chave, se aproximando em máxima intercuspidação, mas na região dos posteriores eles se encontram em desoclusão (espaço), e desejamos a diminuição do avanço e o fechamento do ângulo corpo x asa da mandíbula (gôniaco). Precisaremos de abertura e fechamento prevalente (movimento de Walker, charneira), solicitando o masseter e pterigóideo medial, poupando o pteregóideo lateral que opera lateralidade e protusivo (avanço), nessa última antagonista funcional dos feixes horizontais do temporal. Dessa forma, exercitando-se com o Hiperbolóide os dois lados, em movimento de charneira, obtém-se o fechamento da mordida em sua intercuspidação, através do crescimento ósseo na vertical (Topologia).

 
  Figura 6
Região posterior em
desoclusão.
       
 
 

Figura 7
1 mês após exercícios de mastigação com Hiperbolóide, devido a estímulos biomecânicos, gerou crescimento ósseo na vertical (dente-ligamentos-osso).

O Hiperbolóide é um grande auxiliar no processo do tríplice fechamento bucal (Körbitz, 1914) que é a manifestação mais expressiva da normalidade postural do aparelho estomatognático, e pode ser descrita num corte sagital mediano:

A)
Fechamento anterior – refere-se à contactação interlabial que é alcançada sem esforço aparente e se exprime a sua normalidade morfológica e funcional da musculatura mímica e da respiração.

B)
Fechamento bucal médio – corresponde a contactação habitual entre o dorso da porção anterior da língua e a região do palato duro na altura da papila incisiva. Serve de referência fundamental para a avaliação da fase oral da deglutição, em que a ponta da língua não deve deslizar do seu ponto de apoio.

C)
Fechamento bucal posterior – constituído pelo contacto entre a base posterior da língua e o palato mole, atua como derradeiro portal submetido ao controle voluntário que separa o mundo exterior do interior do organismo (Bueno, 1991)

O Tríplice fechamento bucal é de importância clinica fundamental, e expressa a conquista homeostática do aparelho estomatognático.

Eis os exercícios executados com o Hiperbolóide, favorecendo o tríplice fechamento bucal:

:: Fortalecimento do Tônus do Orbicular dos lábios (Hipotonia Orbicular do Lábio Superior). Pode ser feito de duas maneiras:

Primeiro coloca-se o Hiperbolóide no fundo de saco gengival, na parte mediana, sofrendo contenção labial. Executam-se movimentos de contração e sucção para baixo (1min.). Repete-se o exercício do lado direito e esquerdo com mais (1 min) – Totalizando 3 min (3 vezes ao dia).

 
  Figura 8
Exercício para Hipotonia dos O.L.   


O mesmo exercício executado da seguinte maneira:

:: Hiperbolóide transpassado com fio de pesca, colocado no fundo de saco gengival, sofrendo contenção labial é tracionado pelo fio:
 

 

   
 
  3 vezes ao dia:

1 minuto na região mediana do O.L.
1 minuto no lado direito do O.L.
1 minuto no lado esquerdo do O.L.
Figura 9
Exercícios para Hipotonia dos O.L.

Também temos mais um exercício que seria para fortalecimento do Tônus O.L. + Deglutitivo Respiratório, que seria o exercício Hip + Chupeta.

:: O Hiperbolóide é colocado no fundo do saco gengival, sofrendo contenção labial, e a chupeta ortodôntica da Chuca é colocada por cima dos lábios. Inicia-se a Sucção.

Realizam-se dois exercícios ao mesmo tempo:

 
  Figura 10
Hiperbolóide
       
 
 

Figura 11
Hiperbolóide + Chupeta Ortodôntica

Esse exercício é feito 5 minutos, 3 vezes ao dia (criado pela Prof. Beatriz Padovan – SP).

Esse tipo de exercício busca dois benefícios, o fortalecimento do tônus do orbicular dos lábios e, ao mesmo tempo, exercício deglutivo repiratório, pois estando com a chupeta, veda toda a região dos orbiculares, o fluxo salivar aumenta, e na hora de deglutir, há uma parada momentânea da respiração. Esse treinamento, reprograma a deglutição e a respiração comprometida.

Enfim, muitos outros exercícios, poderiam ser citados com a aplicação do Hiperbolóide na terapia do respirador bucal, mas em resumo:
Na síndrome do respirador bucal, que possui toda a musculatura oral deficiente, hipotônica, que não tem o hábito  de mastigar, se alimenta apressadamente, sem reflexo bucal com o rompimento do automatismo "pare - engula", a deglutição é caracterizada como “atípica”. Nesse quadro disfuncional, o Hiperbolóide surge como proposta de um instrumento de trabalho, de grande auxílio auto-regulador!

O Hiperbolóide, através de estímulos neurais, renova e restaura a produção da saliva, sendo indicado para crianças com falha da percepção oral, auxiliando sobremaneira o controle da “baba“. Treina a criança na tríade; mastigação, deglutição/respiração, cuja coordenação busca reflexos condicionados dentro da normalidade.

De uma forma geral, para os pacientes com comprometimento das funções reflexo-vegetativas (funções orais), tem sido de grande valia.

 
  Figura 12
Atresia maxilo-mandibular
Mordida aberta anterior
       
 
  Figura 13
Funções reflexos vegetativas
(orais) restabelecidas.
 

Com a participação de exercícios com Hiperbolóide

 

 

Referências Bibliográficas

       
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Bueno, A.P.F.: Introdução às bases cibernéticas da Ortopedia Dentofacial – Rio de Janeiro: Europa – 1991.
   
Bueno, A.P.F.: Crescimento Craniofacial – Rio de Janeiro: Europa – 1997.
   
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Harper, H. A.:  Manual de Química Fisiológica. Quarta Ed., Atheneu Editora. São Paulo, 1977.
   
Körbitz, A.: Kursus der systematischen Orthodontik. 2ª ed., 1914 Leipzig.
   
Mec Neill, Charles.: Oclusão – Ciência e Prática, Quintessência – 1ª ed. 2000.
   
Moss, M. L. Bromberg, B. the passive Role of nazal septal cartilage en midifacial growth. Plast Reconstr. Surg., 41: 536-42, 1968.
   
Moyers, R. Ortodontia trad. 3ª ed.: R.J. Guanabara Koogan, 1979 (original inglês)
   
Planas, P. Reabilitação Neuro-Oclusal. Trad. Rio de Janeiro: Medsi, 1988 (original espanhol).
   
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Vaz de Lima, M.; Soliva, H: Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares – sem extrações – Rio de Janeiro, Quintessence Publishing Co., 1994.
   
Vaz de Lima, M.; Soliva, H: Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares – sem extrações – Rio de Janeiro, Pedro Primeiro Editora, 1998 3ª. Ed.
   
Wolf.: apud. Bueno, A.P.F. – 1997.